sexta-feira, 13 de maio de 2016

Corrida: os obstáculos mais improváveis que costumo encontrar

O fim-de-semana está à porta e isso, para mim, significa três coisas: que vou dormir até tarde, que vou correr e que vou levar com aviõezinhos a passar por cima de minha casa com mensagens destinadas aos reality-xungas do "Love on Top".

Para meu grande mal, apercebi-me que moro a poucas centenas de metros da casa que a TVI alugou para albergar a sua última seleção gourmet de jovens parolos, carentes e com paralisia cerebral.
Mas não é sobre isso que quero falar. O tema hoje é: corrida e os obstáculos mais improváveis que costumo encontrar.

Ao fim-de-semana gosto de reservar um tempinho para corrida, contudo nem todas as corridas que faço são a experiência prazerosa que antecipo na minha cabeça. O problema são sempre as surpresas com que às vezes me deparo, para além da ocasional chuva, póias de cão e um ou outro mosquito que entra em colisão frontal com a minha cara.

Gosto de variar de percurso, mas corro muitas vezes por uma estrada muito apreciada pela sua beleza e por ser à beira-mar. Lá vou eu no meu momento zen, a ouvir a minha musiquinha, quando de repente, em menos de um segundo, sou completamente atordoada por um zumbido ensurdecedor, como se todas as moscas do Mundo, num gesto de solidariedade com os taxistas, estivessem a fazer um protesto em marcha lenta contra a Uber. Então apercebo-me que a origem daquilo é um passeio motard. Ter um passeio motard a passar por mim quando estou a correr significa muito mais do que ter um zumbido a sobrepôr-se à música dos phones e a interferir com o meu batimento cardíaco. Significa também que em menos de 5 segundos o ar fica empestado com cheiro a escape e gasóleo, restando-me três alternativas para ultrapassar aquilo: suster a respiração e asfixiar-me, continuar a respirar e envenenar-me ou então esperar que uma espécie de intervenção divina lance um relâmpago para o meio da estrada, obrigando aquela malta toda a ter que se desviar para o mar e só pararem quando escangalharem os queixos no fundo da falésia.

Infelizmente, pessoas a pé também conseguem ser um empecilho. Lá vou eu no meu momento zen, a ouvir a minha musiquinha e a ver, ao longe, uma ou mais mulheres a passear. Seria de esperar que se apercebessem que estão a ocupar toda a pista e se desviassem para abrir caminho, mas é sempre interessante observar que quanto maior for o cú da gaja que está a passear à minha frente, mais ela vai fazer questão de me dificultar a passagem. Eu até consigo compreender que ela já tenha feito muito esforço só para conseguir levantar-se do sofá e alinhar num passeio a pé, mas é óbvio que o problema em conseguir desviar-se prende-se mais com mesquinhez feminina do que falta de forças para conseguir tirar do meu caminho aquela montanha de bifes da rabadilha que tem no fundo das costas.

Por último, pessoas de carro também não são melhores. Nem vou falar de quem não pára na passadeira, mas sim de algo muito mais requintado. Lá vou eu no meu momento zen, a ouvir a minha musiquinha, suor a escorrer-me pela cara, ritmo certeiro e reparo que tenho um carro a andar devagarinho ao meu lado e as pessoas lá dentro a tentar chamar a minha atenção. Penso que deve ser algo importante e que diga respeito somente a mim, já que há mais gente por ali mas aquele carro está especificamente a tentar estabelecer contacto comigo. Contrariada, páro a corrida e tiro os phones dos ouvidos para conseguir escutar o que há de tão importante para me dizer. Afinal é para me pedirem indicações. Sim, aquela gente está perdida e precisa de in-di-ca-ções. E é neste momento que desejo ardentemente saltar para um universo paralelo em que sou apresentadora do "Quem Quer Ser Milionário?" e tenho como concorrente a pessoa que vai a guiar aquele carro e a pergunta para o milhão de euros é "Porque razão você resolveu pedir indicações à única pessoa, numa zona com dezenas de pessoas, que está na sua corridinha, no seu momento zen, a ouvir a sua musiquinha?". 
As opções seriam:
A. Porque sofro de atraso mental
B. Porque a quantidade de neurónios que tenho não me permite fazer raciocínios complexos
C. Porque herdei a imbecilidade dos meus pais
D. Porque em criança liguei um piston de vácuo ao cérebro e acionei-o.

Apesar de pontualmente afectado pela imbecilidade alheia, a corrida continua a ser o meu momento zen, a ouvir a minha musiquinha. 

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