domingo, 25 de agosto de 2013

Pensamentos de um aficionado da tauromaquia

Há dias tropecei nesta pérola do YouTube, protagonizada por um aficionado da tauromaquia, de seu nome Diogo Costa Monteiro. Sempre considerei o YouTube um serviço público mundial pois permite, entre muitas outras coisas, que todos os estúpidos do Mundo se apresentem e que o resto da população lhes fique a conhecer a cara. Dá muito jeito. Na televisão clássica isso é mais difícil - não digo que não haja estúpidos a aparecerem mas têm que ser minimamente bonitos. Com o YouTube qualquer um, independentemente de ter 2 ou 3 olhos, pode revelar o que lhe vai na alma e, assim, ter o seu Quoficiente de Inteligência medido e categorizado pelo resto da população. Autêntico serviço público, como disse.
Neste caso específico, a paralesia mental do jovem que aparece no video é tão épica que cada comentário e cada ideia expostas merecem uma análise detalhada. Trata-se de um ávido aficionado da tauromaquia, como já referi, e expõe toda uma diarreia mental a apoiar essa prática. Ora atentai.

Começa o jovem a explicar o que é a tauromaquia: "a tauromaquia é um espectáculo violento sim senhor, concerteza, mas é uma violência ritualizada e com regras, por isso mesmo é que não é uma barbárie".
Ah bom, Diogo, isso assim já deixa toda a gente descansada - violência sim mas, segundo o Diogo, se for ritualizada e com regras, já não faz mal. Todos os serial killers, que assim são chamados por assassinarem pessoas ou animais em série seguindo rituais e regras por eles mesmo criadas, já podem então integrar livremente a sociedade porque aquilo que fazem não é uma barbárie, tem regras. E rituais também.
 
Seguindo esta lógica, eu então acho que ai de quem diga que o Holocausto foi uma barbárie porque não pode. Havia rituais e regras rígidas: primeiro capturar pessoas, segundo metê-las em vagões de combóios acima da lotação sem acesso a água e comida, terceiro levá-las nesses combóios para campos de concentração, quarto enfiá-las em câmaras de gás, quinto queimar os corpos dessas pessoas em fornos crematórios. Seis milhões de pessoas mortas com estas regras e rituais rígidos não é uma barbárie. As regras eram claras e é incrível que no Tribunal de Nuremberga ninguém tenha utilizado o argumento do Diogo para inocentar todos os nazis.

O que dizer da Inquisição? Claramente não pode nunca ser chamada de barbárie, até foi o próprio Deus que inventou os rituais e regras seguidos nas execuções na fogueira. Na altura ainda não existiam os Pastorinhos de Fátima, senão Deus teria mandado a Nossa Senhora aparecer lá pendurada na árvore para ditar aos pastorinhos as regras e rituais da Inquisição. Também não podia fazer uso do Moisés, esse já tinha batido as botas há muito tempo senão também Deus lhe voltava a aparecer lá no cimo do monte (nessa altura ainda não mandava a Nossa Senhora fazer-lhe os recados) e entregava ao homem outras duas tábuas com as 10 Mandamentos do Churrasco de Pessoas. Com sorte até anexava uma terceira tábua, com os temperos recomendados. Quanto ao que é ou não uma barbárie, o Diogo esclareceu tudo.

Diogo continua e logo a seguir faz mais uma espectacular revelação: "os direitos dos animais não existem. Eu tenho direitos porque tenho deveres e tenho direitos porque sou pessoa".
Bom Diogo, se isso fosse verdade seria espectacular, mas há um inconveniente: os direitos dos animais existem desde...1978. Chama-se "Declaração Universal dos Direitos dos Animais" proclamada pela ONU  nesse ano. É chato receberem-se notícias destas assim, eu sei, e não queria ser eu a dá-las. Mas não fiques triste, a ONU lixou-te com esta há já 35 anos mas, antes disso, também te deu um miminho: podes agradecer à ONU pelos tais direitos que tens por seres pessoa, pois foi também ela que proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948. Tens direitos por seres pessoa desde 1948 e tiveste azar, porque os animais continuaram sem direitos durante só mais 30 anos depois disso. Tivesses tu nascido antes e já tinhas sorte.

No final, Diogo remata "o homem tem que ocupar o seu lugar na Natureza e, precisamente por ter essa capacidade de racionalizar, tem que tratar os animais digamos que de forma a que, portanto, adequada a que eles possam cumprir o seu fim e também eles ocuparem o seu lugar na Natureza".

E digo eu: haverá um lugar melhor na Natureza para os touros ocuparem do que uma praça de touros? Claro que não. As praças de touro são feitas pela Natureza, elas aparecem no meio das cidades e vilas espontaneamente. Foi a Natureza que as pôs lá. As praças de touro estão para as cidades como as moscas estão para a merda, simplesmente aparecem lá sózinhas. É um fenómeno natural espectacular e que acontece porque, como toda a gente sabe, o único fim de um touro é levar com bandarilhas e espadas espetadas. Os touros até nascem com círculozinhos de neon a piscar na pele a indicar o sítio onde cada bandarilha deve ser espetada, parecido com os painéis de tiro ao alvo, mas que se chama, naturalmente, bandarilha ao alvo (do nome científico em latim Bandarilhus Alvus). A Natureza é perfeita no que faz, já se sabe.

Vou continuar atenta ao YouTube, pode ser que o Diogo Costa Monteiro apareça por lá mais vezes e desenvolva, em mais detalhe, as suas ideias.
Gostaria de saber a sua opinião sobre a lobotomia: uma prática abolida na medicina mas que, ainda hoje, seria muito útil para ajudar alguns seres humanos com dificuldades no seu desenvolvimento cerebral a, também eles, ocuparem o seu lugar na Natureza junto dos seus semelhantes - os vegetais.

Update: este texto foi ressuscitado em vídeo aqui , no canal The Reddish Owl.

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1 comentário:

Mª de Lourdes disse...

Pena que o comentário completo do dioguinho prótoiro já tenha sido excluído. Deveriam ter feito print e copiado o comentário dele...