segunda-feira, 8 de agosto de 2005

As Minhas Aventuras na Selva Portuguesa

Verão – época de calor, de férias, de praia, de esplanadas, de casamentos… e de casamentos broeiros. Confesso que nunca tinha ido a um casamento deste tipo. Confesso também que pretendo nunca mais ir, a não ser que vá ao engano (novamente). Digo engano porque quando vamos da parte de um dos noivos, nunca sabemos como será a família do outro noivo… normalmente assumimos que seguem os mesmos standards mas, por vezes, a assumpção está com-ple-ta-men-te errada. Ainda confesso que me foi dado um indício que a coisa ía correr mal: o casamento era a um Domingo.
Mas isto foi o menos mau de tudo. A presença neste evento permitiu-me estudar uma espécie humana em particular (que já existe há muito, mas que só agora tive oportunidade de observar, por tempo prolongado): o homo broeirus ou homo parolus.

Neste momento, estou a hesitar em descrever aqui esta espécie. Não quero iniciar carreira nas histórias de terror.

Contudo, a hesitação rapidamente desaparece porque penso de imediato que se eu tive que viver este filme e não morri, então qualquer pessoa pode ler e viver também.


Aviso: os traumas podem permanecer uns dias.

Esta experiência no sub-mundo desta espécie fez-me colocar questões às quais nunca ninguém conseguirá responder-me:

  • Porque é que todas as mulheres da espécie homo broeirus parecem texugos (isto é, são obesas) e usam o cabelo cortado à rapaz, muitas vezes mais curto que o do próprio marido? Sou da opinião que estes elementos passem a ter uma classificação aparte: muliere cilindrus. Vistas de costas, parecem autênticos cilindros.

  • Porque é que todos os exemplares de homo parolus são capazes de passar uma refeição inteira a bater freneticamente com os talheres nos pratos, provocando um barulho ensurdecedor e incomodando todos aqueles que gostam de comer com pouco ruído ambiente? Depois, em casa, são capazes de mandar um chapadão no puto se este se atrever a abrir a boca durante o jantar, quando estão sossegados a ver a “Sport TV”.

  • Porque é que todos os elementos masculinos homo broeirus não conseguem vestir um fato pelo menos durante um dia por ano, quando vão ao único casamento que têm naquele verão, e optam sempre por peças de vestuário verdadeiramente inenarráveis para um casamento, tais como calças de ganga e t-shirt, camisa prateada de cetim, blazer branco com camisa roxa?

  • Porque é que todos os elementos femininos homo parolus com menos de 40 anos (as que têm mais de 40 anos eram as muliere cilindrus - texugos de cabelo curto) são também já texugos e usam vestidos que ficariam bem em qualquer mulher elegante, mas que ficam absolutamente hediondos e horripilantes em quem tem mamas de vaca leiteira, banha a saltar por todo o lado e rabo do tamanho de um touro em fúria? Já para não falar do cabelo, cujo penteado tenta ser mais artístico e colorido que um dos estádios do Taveira.
Pausa para recuperar fôlego. Aproveitar para olhar à volta – é uma forma de confirmar que o mundo continua sereno e que isto é só um texto.
  • Porque é que os homo broeirus se atiram a qualquer mesa ou travessa de comida de forma feroz?

  • Porque é que os homens homo parolus têm todos aspecto de quem bebeu, pelo menos, duas garrafas inteiras de vinho tinto ao pequeno-almoço? E falam de uma forma que só o confirma?

  • Porque é que todos os exemplares de homo broeirus desfazem todos os bolos da mesa de sobremesas?
Porquê, porquê, porquê...
Um outro pormenor: nas mesas de qualquer copo d' água broeiro, o centro de mesa é tão grande que mais parece um arbusto de uma qualquer selva de África. Cheguei a recear que a qualquer minuto pudesse saltar de lá de dentro o David Attenborough, com a sua mania de se camuflar nestes arbustos. Mas não. O único susto que apanhei foi o convidado que ficou à minha frente, na mesa, a tentar falar comigo através desse matagal. Complicado.

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