Nos últimos tempos tenho assistido, no nosso belo país, ao crescimento de uma certa “poluição visual” no parque automóvel.
Estou a falar desse tom de castanho, que até há uns tempos atrás era referido e conhecido como “cor de merda”, mas que a BMW resolveu re-baptizar e chamar “Castanho Marrakesh”. Muito chique...
Para minha grande tristeza, tenho reparado que cada vez mais circulam por aí autênticos cocós de quatro rodas ou, se preferirem, autênticos pôios motorizados e velozes com potências entre 143 cv e 408 cv, dependendo do modelo X1, X3, X5 ou X6 escolhido da BMW.
Não consigo perceber o que passará pela cabeça de um ser humano para ser possível chegar a um stand da BMW e largar vários milhares de euros por um carro com cor de cocó (sendo essa cor um extra, que custa mais 702€). Mas a BMW claramente percebeu e resolveu apostar nesta cor. A aposta foi tão bem planeada que até houve, algures, um iluminado qualquer da BMW que achou, por bem, dar um nome a essa cor que pudesse ser mencionado sem constrangimentos, e assim nasceu o “Castanho Marrakesh” para substituir o “Castanho Merda”.
E porquê a escolha de Marrakesh? Eu, como potencial turista, posso ser induzida em erro e pensar que, se calhar, a escolha de Marrakesh para denominar o “Castanho Merda” não foi assim tão inocente. Posso pensar que algo se passa em Marrakesh que eu não saiba mas que os senhores da BMW saibam, para terem feito a associação “Castanho Merda” -> “Castanho Marrakesh”.
Se ainda lhe tivessem chamado “Castanho Aveiro” (toda a gente que já passou na A1 na zona de Aveiro sabe do que estou a falar) ou “Castanho Calçadas de Portugal”, a associação seria clara. Marrakesh é que não...
Pelo andar disto, não me espantaria ver a BMW oferecer, em breve, as cores “Amarelo Bairro Alto” (como quem diz amarelo-cor-de-vómito...há muito disso pelo Bairro Alto), “Verde Relvado de Estádio” (não, não é o verde da relva mas sim o verde-escarro-ranheta dos jogadores de futebol), “Amarelo Parede de Rua de Portugal” (o amarelo-xixi) ou ainda “Branco Praça Marquês de Pombal” (ora, o branco-cagadela-de-pombo).
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