sábado, 8 de setembro de 2012

As idas 'petaculares ao supermercado

Um dos afazeres rotineiros desta “bida”, para o qual mais tenho que respirar fundo e acender velinhas a um santo qualquer, é a ida ao supermercado. E, azar dos azares, é algo que acontece todas as semanas. Uma ida mensal não serve porque depois uma pessoa lixa-se com a quantidade de tralha que tem que pôr no carro e, pior ainda, com o alombar dessa carga até casa e (a cereja no topo do bolo) arrumar tudo.
Quinzenal só para quem acha que a comida, no seu estado natural, nasce congelada ou enlatada, com o prazo de validade de mil anos. Quem descobre a maravilha dos produtos frescos sabe que eles implicam ir ao supermercado semanalmente, portantos.

A primeira coisa ‘petacular, que adoro particularmente, são as crianças que correm pelos corredores fora. Os pais acham que é um sítio óptimo para as levarem e soltam-nas como a animais selvagens sedentos de liberdade. Absolutamente ‘petacular. Se às corridas desenfreadas se juntarem gritos e momentos de quase-se-auto-atropelarem-contra-o-meu-carrinho, tenho o dia ganho. Sonho pelo dia em que consiga, telepaticamente, fazer mover o meu carrinho de compras a 200 km/h contra um grupo de miúdos assim tão ‘petaculares. Quando estou num supermercado, este é, na verdade, o único sonho que tenho.
Mas se falamos de gente ‘petacular que se encontra nos supermercados, então tenho que também referir outro grupo ‘petacular: a malta que consegue ocupar um corredor inteiro com o seu carrinho de compras. Ah, que gente tão ‘petacular esta. Estou a falar daquele típico iluminado que vai a andar num corredor, a empurrar o carrinho, e ao ver aquilo que pretende resolve largar o carrinho, bem atravessado no corredor, para ir até à prateleira. Quando digo largar, é largar mesmo, tipo como quem larga um peido do nada. Ou seja, o gajo vai a empurrar o carrinho calmamente e simplesmente tira as mãos do carrinho para se dirigir à prateleira. Mas no milésimo de segundo antes de largar o carrinho, dá-lhe um pequenino toque na lateral para que o carrinho, ainda em movimento depois de largado, possa ficar perfeitamente atravessado no meio do corredor quando parar. Este tipo de pessoa pode nem saber estacionar bem o automóvel num parque de estacionamento, mas consegue sempre, e na perfeição, executar esta técnica, por mim baptizada de "estacionamento de carrinhos de compras à la porco".
Mais coisas ‘petaculares: mudanças de layout, que é como quem diz, mudarem o lugar das coisas. O que estava no primeiro corredor é mudado para outra prateleira recôndita e escura. É sabido que há um imperativo de negócio qualquer por trás dessas mudanças mas é também uma ‘petacular forma de me fazer passar mais 5 minutos dentro do supermercado. Há que ir procurar pelo novo sítio onde se encontra aquilo que quero, o que significa ter que provavelmente cruzar-me com mais putos desenfreados e ter que ultrapassar carrinhos-bloqueadores-de-corredores-estacionados-pelo-cabrão-armado-em-porco. Estraga-me a eficiência de compra: comprar aquilo que quero no menor tempo possível para me poder pirar dali antes que eu entre em estado Walking Dead e comece a cortar cabeças à catanada.
Passada a ‘petacularidade de encher o carrinho, segue-se a ‘petacularidade de ir para a caixa pagar. Começo logo por apreciar imensamente as pessoas que se colocam atrás de mim, na fila para uma caixa, com o carrinho de compras mesmo quase colado ao meu cú. É que faz muita diferença para essas pessoas ter o carrinho 5cm mais perto da caixa, nem que para isso pareça que me querem empalar. Mais melhor bom ainda é quando o fazem silenciosamente ao ponto de só me aperceber da presença desse carrinho quando dou um pequenino passo atrás, para mudar o peso de uma perna para a outra, e bato com a canela no carrinho. É lindo, é uma experiência extra-sensorial sem igual, porque por segundos consigo ver o supermercado com estrelas a aparecerem no ar, tipo no Natal.
Ainda na caixa, acho também absolutamente ‘petacular quando as pessoas já pagaram mas depois tomam o seu tempo a abandonar o local. Não há pressas em sair desse lugar tão ‘petacular e belo como o supermercado. Há que apreciar a beleza do movimento de içar o saco de plástico do tapete até ao carrinho. É daquelas coisas lindas da vida que tem que se fazer com calma, à semelhança de quando se vai à casa de banho arrear um bruto calhau. São duas coisas que não dá para despachar.

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