quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tele + Marketing = Sentimentos de Raiva


Segundo o dicionário, o telemarketing é um “conjunto de actividades de marketing feitas por telefone ou por outros meios de comunicação à distância”. Ora no sábado passado houve pelo menos três empresas que, na loucura, se meteram neste conjunto de actividades pelo meu telemóvel adentro. Mais louco ainda foi uma dessas empresas ter insistido nessas actividades no sábado de manhã.
Digo louco porque foi assim que me senti ao ter tido o meu sono interrompido.

-Bom dia. Estou a falar com a Sra. Bla bla Bla?
[curto silêncio do choque. Segue-se voz cavernosa com ligeiro toque de fúria a.k.a. “grunhir”] - Quem fala?
- Eu sou a Chata-pa-C***lho e estou a ligar da PT. Gostaria de lhe apresentar o....
[voz de psicopata em ponto de explosão atómica a.k.a vociferar ] – É SÁBADO DE MANHÃ!!!!!!!!! NÃO TENHO DISPONIBILIDADE PARA ISTO!!!!!! *click*
Confesso que passei os restantes 5 minutos a babar-me de raiva na cama. Depois disto tenho a certeza que a PT adicionou à minha ficha de “Gaja a Chatear” uma nota a dizer “pessoa com fortes distúrbios psicológicos” mas há que explicar que, quando não sou acordada a um sábado de manhã por um telefonema a tentarem impingir algo, sou uma pessoa perfeitamente normal.
Passado uma hora, já eu estava acordada, tive novo telefonema. Outra empresa de comunicações a iniciar o tal conjunto de actividades de marketing pelo telefone – a minha resposta foi igualzinha em conteúdo, no entanto desta vez consegui falar como uma pessoa normal. Fiquei orgulhosa.
A novidade deu-se nesse mesmo dia, mas ao final da tarde. Depois do meu telemóvel, houve uma outra empresa de comunicações que resolveu também colocar-me na mira mas desta vez através do meu telefone fixo. Confesso que a forma como o jovem do outro lado da linha iniciou a conversa deixou-me desarmada por segundos:
- Estou, boa tarde. Daqui fala Mais-um-Chato da Meo e gostaria de falar com o utilizador de telemóvel.
Confesso que aqui hesitei uns 3 segundos. No primeiro segundo pensei responder “Não há aqui ninguém com esse nome”. No segundo segundo (get it?) pensei “opá, se ajabardo isto o jovem pensa que o estou a deixar à vontade”. No terceiro segundo pensei “ok, vou despachar isto como os outros” e assim foi: *click*
A novela das actividades de marketing por telefone neste Sábado terminou por aqui, no entanto, durante a semana uma das empresas resolveu voltar à carga. Esse telefonema foi deveras interessante pois permitiu observar, na primeira pessoa, as várias tácticas utilizadas nestas abordagens:
- Boa tarde. Daqui fala Fonfonada da Vodafone e gostaria de lhe fazer um inquérito, tem disponibilidade?
- Depende, demora quanto tempo?
- É rápido, é só uma questão.
- Diga.
- Está satisfeita com o serviço de telemóvel?
- Sim.
- Muito bem. Gostaria de lhe apresentar o novo serviço da Vodafone, que se chama Já-Não-Me-Lembro-do-Nome e que consiste em bla bla bla [pausa de 3 segundos para ver se eu ainda estava em linha]. Este tarifário contém ainda bla bla bla bla bla bla e o preço é de 39,90€ mensais. Estaria interessada em adquirir este serviço?
[portanto, passou-se rapidamente de um questionário para uma descarada tentativa de venda]
- Não
- Então que tipo de preço seria interessante para si?
[portanto, passou-se agora de uma descarada tentativa de venda para uma negociação / regateio]
Hesitei aqui novamente, mas desta vez 2 segundos. No primeiro segundo apeteceu-me constatar o óbvio e responder “Só se for de borla” mas no segundo segundo pensei que se desse essa resposta só iria fazer com que a senhora não se calasse novamente. Dei por aqui terminada a observação das várias tácticas e atirei o meu trunfo, o meu Ás de Espada, o meu Dum Dum – Não Escapa Um, o meu Raid-Contra Melgas e Mosquitos (obrigada Ana S.). Perguntei:
- Esta chamada está a ser gravada?
[medo na voz]- Sim...
- Então gostaria de declarar que não autorizo que utilizem os meus dados pessoais, nos quais se incluem o meu número de telefone, para me contactarem para efeitos de marketing.
Resultou. A senhora disse que isso iria ser registado e que não voltariam a contactar-me.
Com isto não quero dizer que eu consiga resolver a situação novamente com toda a decência com que o fiz aqui, sem berros e sem desligadelas-de-telefone-na-cara, se voltarem a acordar-me a um sábado de manhã (ou, pecado mortal, a um domingo de manhã). A pessoa civilizada e educada em mim tira folgas aos fins-de-semana de manhã.

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