Segundo o dicionário, o telemarketing é um “conjunto de
actividades de marketing feitas por telefone ou por outros meios de comunicação
à distância”. Ora no sábado passado houve pelo menos três empresas que, na
loucura, se meteram neste conjunto de actividades pelo meu telemóvel adentro. Mais louco ainda foi uma dessas empresas ter
insistido nessas actividades no sábado de manhã.
-Bom dia. Estou a falar com a Sra. Bla bla Bla?
[curto silêncio do choque. Segue-se voz cavernosa com ligeiro
toque de fúria a.k.a. “grunhir”] - Quem fala?
- Eu sou a Chata-pa-C***lho e estou a ligar da PT. Gostaria
de lhe apresentar o....
[voz de psicopata em ponto de explosão atómica a.k.a
vociferar ] – É SÁBADO DE MANHÃ!!!!!!!!! NÃO TENHO DISPONIBILIDADE PARA
ISTO!!!!!! *click*
Confesso que passei os restantes 5 minutos a babar-me de raiva
na cama. Depois disto tenho a certeza que a PT adicionou à minha ficha de “Gaja
a Chatear” uma nota a dizer “pessoa com fortes distúrbios psicológicos” mas há
que explicar que, quando não sou acordada a um sábado de manhã por um
telefonema a tentarem impingir algo, sou uma pessoa perfeitamente normal.
Passado uma hora, já eu estava acordada, tive novo
telefonema. Outra empresa de comunicações a iniciar o tal conjunto de
actividades de marketing pelo telefone – a minha resposta foi igualzinha em
conteúdo, no entanto desta vez consegui falar como uma pessoa normal. Fiquei
orgulhosa.
A novidade deu-se nesse mesmo dia, mas ao final da tarde.
Depois do meu telemóvel, houve uma outra empresa de comunicações que resolveu
também colocar-me na mira mas desta vez através do meu telefone fixo. Confesso
que a forma como o jovem do outro lado da linha iniciou a conversa deixou-me
desarmada por segundos:
- Estou, boa tarde. Daqui fala Mais-um-Chato da Meo e
gostaria de falar com o utilizador de
telemóvel.
Confesso que aqui hesitei uns 3 segundos. No primeiro
segundo pensei responder “Não há aqui ninguém com esse nome”. No segundo
segundo (get it?) pensei “opá, se ajabardo isto o jovem pensa que o estou a
deixar à vontade”. No terceiro segundo pensei “ok, vou despachar isto como os
outros” e assim foi: *click*
A novela das actividades de marketing por telefone neste
Sábado terminou por aqui,
no entanto, durante a semana uma das empresas resolveu voltar à carga. Esse
telefonema foi deveras interessante pois permitiu observar, na primeira pessoa,
as várias tácticas utilizadas nestas abordagens:
- Boa tarde. Daqui fala Fonfonada da Vodafone e gostaria de
lhe fazer um inquérito, tem
disponibilidade?
- Depende, demora quanto tempo?
- É rápido, é só uma questão.
- Diga.
- Está satisfeita com o serviço de telemóvel?
- Sim.
- Muito bem. Gostaria de lhe apresentar o novo serviço da
Vodafone, que se chama Já-Não-Me-Lembro-do-Nome e que consiste em bla bla bla
[pausa de 3 segundos para ver se eu ainda estava em linha]. Este tarifário
contém ainda bla bla bla bla bla bla e o preço é de 39,90€ mensais. Estaria
interessada em adquirir este serviço?
[portanto, passou-se rapidamente de um questionário para uma
descarada tentativa de venda]
- Não
- Então que tipo de preço seria interessante para si?
[portanto, passou-se agora de uma descarada tentativa de
venda para uma negociação / regateio]
Hesitei aqui novamente, mas desta vez 2 segundos. No
primeiro segundo apeteceu-me constatar o óbvio e responder “Só se for de borla”
mas no segundo segundo pensei que se desse essa resposta só iria fazer com que
a senhora não se calasse novamente. Dei por aqui terminada a observação das
várias tácticas e atirei o meu trunfo, o meu Ás de Espada, o meu Dum Dum – Não Escapa
Um, o meu Raid-Contra Melgas e Mosquitos (obrigada Ana S.). Perguntei:
- Esta chamada está a ser gravada?
[medo na voz]- Sim...
- Então gostaria de declarar que não autorizo que utilizem
os meus dados pessoais, nos quais se incluem o meu número de telefone, para me
contactarem para efeitos de marketing.
Resultou. A senhora disse que isso iria ser registado e que não
voltariam a contactar-me.
Com isto não quero dizer que eu consiga resolver a situação novamente
com toda a decência com que o fiz aqui, sem berros e sem
desligadelas-de-telefone-na-cara, se voltarem a acordar-me a um sábado de manhã
(ou, pecado mortal, a um domingo de manhã). A pessoa civilizada e educada em
mim tira folgas aos fins-de-semana de manhã.
Sem comentários:
Enviar um comentário